ENCHENTES NO SUL DA BAHIA: CONFIRA O COMOVENTE RELATO DE QUEM ESTEVE LÁ
08/01/2022
Brigadistas da Bracell estiveram na linha de frente para ajudar moradores da região
Muitas vezes, foi preciso usar técnicas, a força física e equipamentos específicos. Em outras, dizer as palavras certas ou, simplesmente, dar um abraço. Os operadores da brigada de incêndio da Bracell, que prestaram assistência às vítimas das chuvas no sul da Bahia, vivenciaram essas experiências marcantes durante oito dias de trabalho na região de Itabuna, gravemente afetada pelas fortes chuvas no final de 2021.
Os brigadistas se deslocaram especialmente para ajudar na entrega de alimentos às comunidades isoladas, no resgate de famílias em situação de risco e na conscientização dos moradores sobre as ameaças de desabamento das casas. A ação foi em parceria com a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros da Bahia, de Alagoas e de São Paulo.
Supervisor de Segurança Patrimonial da Bracell, Wellington Santos foi um dos colaboradores da empresa que fez questão de participar da missão. “Passamos o Réveillon longe das famílias, mas sabíamos que elas estavam em casa, sob um teto, e com alimentos, enquanto lá tantas pessoas perderam tudo”, relatou ele, salientando que as águas subiam muito rapidamente, destruindo as conquistas dos moradores. “Enquanto conversávamos com uma vítima, o irmão dela veio falar conosco e disse que tinha uma oficina, mas era numa área fora de risco. Nisso, chegou uma outra pessoa dizendo que a oficina tinha sido invadida pelas águas. Ele correu lá e viu que quase R$ 1 milhão em maquinário e equipamentos tinham ficado submersos”.
Ele relata que, muitas vezes, “a gente pensa que enchentes só afetam quem vive nas periferias. Ali, não teve distinção: atingiu condomínios, o comércio… Muitos perderam tudo o que conquistaram com o trabalho da vida toda. Mesmo pessoas em boas situações financeiras, de repente, só tinham as quentinhas que estavam em suas mãos”.
Wellington também recorda um dos momentos de muita emoção para a equipe: “Fomos socorrer uma senhora, a Dona Maria. Enquanto falávamos com ela, a água entrou pela frente da casa e saiu pelo fundo, levando tudo. Não deu para segurar o choro. Aí, ela disse: ‘vocês não podem chorar, vocês são nossos heróis. Quem pode chorar aqui é a gente’. Não tinha como não se emocionar nessa situação. Naquele momento, tudo o que podíamos fazer era quebrar o protocolo e abraçar a pessoa, dar uma palavra de conforto. Se tem lições para a vida tiradas dessa experiência, é a de que a gente sempre pode ajudar o próximo”.
Treinamento
Antes mesmo dos eventos que afetaram a região do sul da Bahia, a gerência da Segurança Patrimonial da Bracell ofereceu um treinamento sobre como atuar em grandes desastres. O treinamento foi ministrado por um dos integrantes da própria brigada da empresa: Josemar dos Santos, supervisor do setor.
Ex-bombeiro militar, ele atuou, por exemplo, no socorro às vítimas do terremoto no Haiti (2010), das chuvas na região serrana do Rio de Janeiro (2011) e do rompimento das barragens em Mariana (2015) e Brumadinho (2019).
Além do preparo técnico, a equipe contou com uma estrutura própria disponibilizada pela empresa: viaturas 4×4, drones, maca de salvamento aquática, roupas de neoprene (que mantêm a temperatura do corpo), cilindro de oxigênio, coletes salva-vidas, capacetes, cordas e boias de salvamento aquático. A Bracell Bahia, em esforços com outras indústrias, também realizou uma doação em dinheiro para ajudar as vítimas por meio da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb).
Números da tragédia
De acordo com a Superintendência de Proteção e Defesa da Bahia (Sudec), nesta semana, a quantidade de pessoas desabrigadas caiu para 33.247, mas a de desalojados subiu (57.243). O número de mortes se manteve, com 25 vítimas, bem como o de feridos, 517.
Da Redação do Aghora News
(VIA: ATcom)